Os terrores noturnos são comuns nas crianças entre os 18 meses e os 6 anos, visto ser a fase da vida em que estas dormem mais profundamente. As primeiras vezes que os pais se confrontam com um episódio são assustadoras, uma vez que observam a criança como que a acordar em sobressalto, uma ou duas horas depois de ter adormecido, quando o ciclo de sono profundo termina de repente e a criança não acorda completamente. Esta apresenta-se tipicamente agitada, muitas vezes a gritar de olhos abertos, com o olhar fixo e movimentos descoordenados, transpirada, sem responder aos apelos dos pais para se acalmar. Isto deixa os pais extenuados e perturbados, sem saber como agir. Quando o episódio termina, a criança volta a adormecer e não se lembra de nada do que aconteceu.
Estes terrores relacionam-se sobretudo com medos: de perder a mãe, do esquecimento do pai, do escuro, de alturas, de animais ferozes, de ladrões maus ou de crianças agressivas. Podem ainda estar relacionados com mudanças importantes na vida da criança, tais como a entrada no infantário, o nascimento de um irmão ou a ausência de um dos pais.
Nesta idade, as crianças lutam para distinguir o real do imaginário. O sentimento de medo é real, por mais absurdo que possa parecer. Deve-se, por isso, transmitir segurança à criança, tentando não se mostrarem ansiosos.
O que fazer durante um terror noturno? Algumas dicas…
1. Não tentar acordar a criança, uma vez que esta não a irá ouvir e poderá, inclusivamente ficar mais agitada (normalmente o episódio demora 1-10 minutos);
2. Assegurar que na área em torno da criança não há objetos com que se possa magoar;
3. Acender a luz;
4. Confortá-lo, abraçando-o;
5. Ouvir os seus receios com atenção;
6. Respeitá-lo, porque o medo que sente é real;
7. Uma explicação honesta não vale a pena;
8. Dizer-lhe que os pais estão no quarto mesmo ao lado e que não vão permitir que algo de mau lhe aconteça;
9. Dar-lhe a oportunidade de enfrentar e resolver os seus problemas sozinho, com os seus próprios recursos;
10. Oferecer-lhe um objeto de conforto (ex. peluche preferido) ou deixar uma luz de presença acesa;
11. Não superproteger, uma vez que poderão prolongar o medo.
O que fazer para dar segurança e tentar reduzir os episódios?
1. Tentar encontrar soluções em conjunto para enfrentar o medo:
– Antes de dormir, dar-lhe um beijo especial, que vai “afastar os maus”;
– Pegar na vassoura e “varrer” para fora do quarto os medos;
– Comprar um peluche que seja “um verdadeiro protetor do quarto”‘;
– Espalhar umas gotinhas de um “perfume mágico” que vão impedir que aquilo que provoca medo na criança entre;
– Espreitar debaixo da cama e no interior dos armários para demonstrar que estão vazios.
2. Reduzir, dentro do possível, as situações de tensão durante o dia da criança;
3. Estabelecer uma boa rotina de sono, evitando a fadiga.
Nunca é fácil lidar com os terrores noturnos. É sim, preciso ter consciência que na maioria dos casos vão passar sozinhos com o crescimento da criança, sem necessidade de outras ajudas ou intervenções.