Artigo publicado originalmente em https://www.dn.pt/especiais/ciencia-e-inovacao/combater-as-epidemias-causadas-pela-meningite-ate-2030-15244220.html a 2022/10/17
A meningite é a inflamação das meninges, que são as membranas que revestem o cérebro e a medula espinal. A doença meningocócica é grave e pode provocar a morte em poucas horas. Os primeiros sinais e sintomas são semelhantes a uma gripe e podem até confundir-se com a Covid-19. Por isso, a doença é facilmente desvalorizada e complicada de diagnosticar num primeiro momento.
Nas fases iniciais da doença surgem geralmente febre, dores de cabeça, náuseas e vómitos. Porém, a meningite pode evoluir rapidamente para sintomas mais específicos e de maior gravidade, como rigidez no pescoço, sensibilidade à luz ou aparecimento de erupções cutâneas (pequenas manchas vermelhas na pele) que persistem sob pressão. Manifestações graves de uma doença extremamente perigosa que requer uma assistência médica rápida e adequada, dado que em 24 a 48 horas pode levar a sequelas permanentes ou à morte.
De facto, mesmo com tratamento, uma em cada dez pessoas acaba por morrer e 20% dos sobreviventes ficam com sequelas graves, como convulsões, amputações ou perda de audição. Para diminuir estes números, a prevenção é essencial. O Plano Nacional de Vacinação inclui, atualmente, algumas vacinas, de modo a proteger a população contra a forma mais letal de meningite, a bacteriana. Desta forma conseguimos, por exemplo, que a maior causa da meningite a nível mundial, o meningococo B, estivesse coberta. Contudo, a vacina da meningite B é gratuita apenas para crianças nascidas após o dia 1 de janeiro de 2019, e existem outras formas de meningite bacteriana que não estão incluídas no plano. Por essa razão, muitas crianças e adolescentes não estão vacinados.
Como consequência dos seus hábitos e interações sociais, os adolescentes constituem um grupo desafiante no que se refere ao combate à meningite. Um em cada quatro é portador assintomático do meningococo, o que significa que tem a bactéria, transmite-a, mas não manifesta a doença. Este aspeto, aliado ao facto de muitos não estarem vacinados e de terem comportamentos de risco, tornam-nos potenciais transmissores dentro do seu grupo mas também para as restantes faixas etárias, sobretudo as mais vulneráveis, como bebés e idosos.
Para combater esta situação, a Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu a meta de 2030 para erradicar as epidemias que a doença causa. Estas epidemias acontecem quando existe um aumento súbito e simultâneo do número de casos num determinado local. Muitas vezes ocorrem em residências universitárias, porque basta um jovem ser suscetível e não estar vacinado para ele e os seus colegas ficarem contaminados.
Apesar deste compromisso da OMS e do que a medicina já avançou nos últimos anos, ainda há muito a fazer. A meningite continua a ser uma doença com alta taxa de letalidade que atinge pessoas de todas as idades e em todo o mundo. Trata-se de uma emergência médica que requer diagnóstico e tratamento imediato. Mas há duas importantes formas de contribuir para combater esta doença: estarmos informados e vacinar os nossos filhos.