Hoje o tema que vos trago é da atualidade e reflete uma preocupação que muitas mães me têm trazido à consulta: posso/devo ser vacinada contra a COVID-19 estando a amamentar?
Sempre que surge uma nova vacina ou medicamento, com ele nascem também muitas dúvidas dos seus efeitos e possíveis resultados. Sobretudo em grupos mais vulneráveis nos quais inicialmente, do ponto de vista ético, nem é possível fazer estudos. Entre esses grupos está o das lactantes e as vacinas contra a COVID-19 são o exemplo mais recente desta questão.
As posições relativamente a esta questão parecem ser consensuais e crescentes entre as diferentes organizações e sociedades científicas internacionais. Refiro, a título de exemplo, a American College of Obstetricians and Gynecologists que recomenda que as vacinas sejam oferecidas a lactantes, acrescentando que mesmo que estas não tenham sido incluídas na maioria dos ensaios clínicos, as vacinas contra a COVID-19 não lhes devem ser negadas, pois as potenciais preocupações em relação à segurança não superam os benefícios potenciais de receber a vacina, e a Academy of Breastfeeding Medicine, que não recomenda a suspensão da amamentação nas mulheres vacinadas contra a COVID-19 e reforça que existe pouca plausibilidade biológica de que a vacina cause danos neste grupo.
Mais, a nossa própria Direção Geral da Saúde (DGS) refere na sua norma de norma de 14/01/2021 que se os benefícios esperados ultrapassarem os potenciais riscos para mulher, a vacina poderá ser considerada na lactante. A questão é que tem vindo a ser sublinhado que esta deve ser recomendada pelo médico assistente, o que tem levantado alguns receios e condicionado nalgumas lactantes a ter de optar (erradamente) entre manter a amamentação do seu bebé ou protegerem-se contra a tão temida COVID-19!
Nesse sentido, e tendo em conta as recomendações das principais sociedades científicas e as informações disponibilizadas pelos vários laboratórios responsáveis por esta vacinação (ex. Pfizer/BioNTech e Moderna), é importante libertar as mães dos medos que ainda possam existir e sublinhar que, à luz dos conhecimentos atuais, a vacina é eficaz nas lactantes e que não é expectável a existência de efeitos adversos nas crianças amamentadas. As mulheres a amamentar podem, por isso, ser vacinadas pelo que não se recomenda parar a amamentação, antes ou depois da vacinação!