DIVERSIFICAÇÃO ALIMENTAR

A alimentação do bebé e da criança constitui um dos fatores mais importantes para o seu normal crescimento e desenvolvimento. Ao longo do 1º ano de vida, o bebé é preparado para a alimentação sólida. Uma correta introdução de alimentos vai potenciar o seu bem-estar e desenvolvimento dado que está ligada aos afetos, ao estabelecimento de um adequado sistema imunitário (responsável pela defesa do organismo) e à sociabilização.

A alimentação inicia-se com o  leite, o alimento que mais se adequa à insuficiência digestiva e à imaturidade dos primeiros meses de vida. Consoante o tipo de aleitamento que se está a fazer, a maturidade do bebé e a data de início de trabalho da mãe, é entre o 4º e o 6º mês de vida que se atinge o momento a partir do qual a alimentação láctea exclusiva já não será suficiente para suprir todas as necessidades do bebé em nutrientes e energia, pelo que se deve iniciar a diversificação alimentar. Será esse o marco a partir do qual, de uma forma gradual e progressiva, o bebé irá contatar com diversos alimentos.

O QUE É?

A diversificação alimentar consiste na transição de uma alimentação exclusivamente láctea para outra que inclui, para além do leite, outros alimentos de consistência maior até atingir a alimentação sólida propriamente dita.   Este período revela-se, assim, uma ponte entre o aleitamento e a alimentação familiar. A diversificação alimentar poderá ser uma fase difícil na vida do bebé, que passa de um alimento líquido de fácil deglutição, para alimentos progressivamente mais complexos.        No entanto, com um ou outro truque, e alguma paciência, constitui uma aliciante descoberta para vocês e para os vossos filhos, sendo uma pedra basilar na educação alimentar do bebé: por um lado, permite a transição entre uma alimentação exclusivamente láctea até à alimentação familiar e, por outro, permite moldar o paladar, o apetite e, de certa forma também, os gostos futuros da criança. É durante a diversificação alimentar que se devem iniciar os princípios de uma alimentação saudável que irá perdurar na vida adulta. 

QUANDO COMEÇAR?

Embora as recomendações sejam cada vez mais direccionadas para os 6 meses de vida, sobretudo em bebés sob aleitamento materno exclusivo e a crescer bem, há uma série de condicionantes e variáveis que fazem com que a diversificação alimentar tenha, na maioria das famílias, de ser iniciada mais cedo. Se o bebé está a fazer aleitamento com leite artificial ou se a mãe passa a ter menos leite e/ou menor disponibilidade, nomeadamente por regressar à  atividade profissional, a diversificação alimentar poderá ser iniciada aos 4 meses.

Na verdade, a partir dos 4 meses as funções digestiva e renal do bebé já se encontram mais desenvolvidas. É também neste momento que ele começa a manifestar interesse pela comida dos adultos, a conseguir sentar com ajuda e a ter um bom controlo da cabeça e do pescoço. É também nesta fase que surjem os movimentos de mastigação e que o bebé começa a perder o reflexo de extrusão de língua (que enquanto persiste dificulta muito a alimentação, dado que a língua empurra todo o alimento oferecido para fora).

Todos estes fatores fazem do período entre os 4 e os 6 meses a altura ideal para iniciar a introdução de novos alimentos. A partir dos 6 meses, o volume de leite ingerido deixa mesmo de ser suficiente para suprir as necessidades nutricionais e energéticas do bebé, pelo que não se deve adiar.

COMO INICIAR?

A ordem de introdução dos alimentos não é obrigatoriamente a mesma para todos os bebés. Enquanto alguns iniciam pela papa de cereais, por ser o alimento com sabor mais semelhante ao leite, a maioria começa pela sopa de legumes, a qual é nutricionalmente tão equilibrada como a papa, mas muito menos calórica. Devem iniciar um novo alimento, em pequena quantidade, e ir aumentando gradualmente, respeitando um intervalo de 2-3 dias. Assim, estarão não só a facilitar a adaptação do bebé aos novos sabores, como também a possibilitar a detecção de possíveis reacções alérgicas (tenham a atenção a vómitos, diarreia, manchas na pele e/ou falta de ar após iniciar um novo alimento). Existem outros métodos de diversificação alimentar, como por exemplo o baby led weaning (BLW), que podem ser praticados em exclusivo ou como complemento destes métodos de introdução alimentar mais tradicionais e que, a seu tempo e num post à parte, serão abordados!

REGRAS FUNDAMENTAIS:

  • Tempo para as refeições;
  • Cada bebé é 1 bebé: é importante respeitar o ritmo, gostos e vontades individuais;
  • Se o bebé rejeitar um alimento, não deve desesperar: deverá insistir pois pode ter de ser exposto a um novo sabor até 11 vezes para se habitue a ele e passe a gostar;
  • A introdução dos alimentos deve ser lenta e gradual pois o bebé tende a rejeitar as primeiras ofertas do(s) alimento(s), uma vez que tudo é novidade: a colher, a consistência, o sabor;
  • Algumas crianças precisam ser estimuladas a comer, mas nunca devem ser forçadas;
  • No início, a quantidade de alimentos que a criança ingere é pequena;
  • Há crianças que se adaptam mais facilmente às novas etapas e aceitam muito bem os novos alimentos e outras que não;
  • Nesta etapa é importante que o bebé comece a beber água nos intervalos das refeições. Caso seja canalizada, deve ser sempre fervida; se for engarrafada não é necessário. Até lá e, em regra, ele obtém toda a água que necessita do aleitamento, o que não implica que num dia mais quente não se possa oferecer água: a água até a altura em que se inicia a diversificação alimentar não é proibida, simplesmente é desaconselhada por poder fazer com que o bebé beba menor quantidade de leite;
  • Não se deve oferecer outras bebidas, como chá ou sumos, a menos que em casos excepcionais e recomendados pelo médico assistente;
  • A introdução dos novos alimentos deve ser feita com colher (ou copo, no caso da oferta de líquidos) e não com biberão. Apesar de algumas dificuldades iniciais, é uma questão de paciência pois o seu bebé necessita apenas de um período adaptativo.
  • Mesmo recebendo outros alimentos, o bebé deve continuar a ser amamen/aleitado;
  • Não adicionar sal na alimentação até aos 12 Meses (e quanto mais tarde melhor);
  • Não adicionar açúcar na alimentação até aos 12 Meses (e quanto mais tarde melhor);
  • Mel, marmelada, cacau/chocolate, bolos e enchidos não devem ser introduzidos na alimentação do seu bebé até ao 12 Meses (e quanto mais tarde melhor);
  • Não dar frutos secos inteiros (ex.: amendoim/noz/caju) ou pipocas até aos 36 Meses;
  • Evitar o uso de boiões de fruta/legumes/refeições pré-preparadas: contêm sacarose/outros açúcares, concentrado de sumo de limão, farinha de arroz, entre outros ingredientes, que conferem um sabor mais apurado, podendo levar o bebé a recusar os alimentos preparados em casa.

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